Por: Denys Presman

Morreu Pelé, a camisa 10 está de luto e a bola inconsolável. Obrigado, Rei do Futebol.
Acaso, será? Destino? Sei lá. Com certeza, intervenção dos Deuses do futebol.
O encontro entre a camisa 10 e Pelé é uma das coisas mais aleatórias já vista. Quase um encontro às cegas. E ao mesmo tempo tão óbvia, mas ninguém tinha antevisto esta história.
– Como assim? Que dúvida? Eles se combinam, se completam, precisam estar junto. São um só.
É ululante!
Ah… mas naquela época, Pelé ainda não era Pelé. Era um garoto, uma criança, um Edson, um Dico, um mortal.
Já a camisa 10 também não tinha esta moral toda. Era só um número ainda a procura do seu grande amor.
Apesar de gritante, óbvio, ninguém pensou em juntá-los. De fato, não juntaram.
O cupido deste caso de amor, a mais perfeita definição de completude, é um desconhecido.
A Confederação Brasileira de Desportos (CBD) teria esquecido de enviar a numeração dos jogadores na Copa do Mundo de 1958. Por isso, alguém a escolheu por ela. Critérios? Não….
Gilmar, o goleiro, com 3; Zagallo, ponta-esquerda, com a 7; Garrincha ponta-direita, com a 11; Zózimo, zagueiro reserva, com a 9. E aquele adolescente, de 17 anos, Edson Arantes do Nascimento, Dico, Pelé ficou com a 10.
Zagallo acredita que a numeração final que acabou sendo usada foi a das malas.
Mas a gente sabe. Foram os Deuses do Futebol. Estava escrito há 5 mil anos…
Um amor que nasceu por acaso ou por destino. Uma história tão inocente, virou algo tão pornográfico em campo, de dar prazer a multidões.
Uma orgia futebolística que invariavelmente terminava em gol.
Um ménage entre a 10, a bola e o Rei.
Não é a camisa 10 que faz o craque.
Ela foi moldada no suor e talento de um rei, do maior.
Do amor.
Majestosa. Emblemática. Mítica.
Muitos lutavam para ser merecedores.
Poucos, realmente conseguiram.
É normal a comoção quando alguém importante ou famoso morre. Muitas histórias são contadas. Obituários, biografias, notícias, documentários. Normal.
Pelé morreu.
Tudo isso nos meios de comunicação.
Porém uma coisa, particularmente, nunca tinha visto em momentos assim. Foram várias matérias de pessoas dizendo que o Pelé salvou a vida delas.
– Cabrini detalha o dia em que Pelé salvou sua vida – Metrópoles
– Rei salvou a vida do fotógrafo Sebastião Salgado – Uol
– Pelé me salvou de ser preso por militares em uma guerra no Sudeste Asiático – Leonardo Sakamoto, colunista da uol
Não, Pelé não estava nestes locais de guerrilha ou guerras no momento do perigo.
Não, ele não apareceu do nada com uma faca nos dentes e com fita vermelha na cabeça.
O simples fato das pessoas serem brasileiras, do país do Pelé, lhes deu um passaporte para a segurança.
Tudo muito simplista, muito puro. Quem é do país do Pelé deve ser gente do bem.
Estaria Pelé entre os 10 nomes mais conhecidos de toda história da humanidade (não os mais importantes necessariamente)?
Minha lista: (sem ordem)
Jesus Cristo
Maria
Maomé
Pelé
Cleopatra
The Beatles
Chaplin
Napoleão
Hitler (infelizmente)
Mickey Mouse (desculpem)
Tinha uma história de que na TV norte americana apenas três nomes não precisavam de legenda quando apareciam na tela: o presidente dos EUA, o Papa e Pelé.
Verdade? Não importa…
Fim? Não, eterno!
