Dois amigos estão no bar:
– Não costumo disputar mulher, mas têm algumas, que a gente entra em qualquer jogo. E é que nem futebol. A gente não sabe se vai ganhar ou perder, entende?
Na pausa, o mais elouquente dá um bicada na cerveja. Já o outro ri e lança um comentário qualquer dando continuidade ao papo.
– Pois é, um caixinha de surpresa.
– Na disputa por uma mulher é assim: você pode ser um Flamengo de Zico e jogar contra um São Cristovão ou um Madureira que apesar de simpáticos são apenas um São Cristovão um Madureira. E mesmo assim perder. Mas… o futebol tem disto… a tal zebra.
Os dois levantam os copos e juntos falam rindo.
– Uma caixinha de supresa.
– Maldito clichê. Mas eu estava falando. Quando um Flamengo perde para uma zebra a derrota não se sustenta. Logo vêm a revanche. A taça sabe que seu lugar não é em Conselheiro Galvão. Logo se reestabelece a justiça do jogo… E aí, você passa a ser o favorito.
– Então, deixa ver se eu entendi, – fala o amigo agora com ar de quem quer sacanear – na verdade o que você tá me dizendo neste discurso todo é que mulheres para você são apenas objetos. Que a mulher que você deseja nada mais é um do que um grande trouféu?
– Não…. que é isso… a mulher é mais… a mulher é….
– Bom… assim tu vai vai apanhar, rapaz. Bebe uma cerveja e completa este raciocíonio que você tá até engasgando.
Ele bebe mais um gole.
– Amigo, ela é mais…. guarda este pensamento.
– Tá se complicando.
– Mais do que o futebol. Mais do que a disputa… mais do que o próprio título.
O outro não segura o riso.
– Ela o motivo de toda esta bebedeira aqui. Acho que isso já explica bastante.
Ele pegou o copo, deu o último gole e pediu a conta antes de sumir enigmático em direção ao banheiro.
** Denys Presman é jornalista e brasileiro
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