Em meio a um ônibus lotado, um passageiro grita:
– Motorista, siga aquelas coxas.
A voz de desespero do autor do grito deixou alarmados os outros passageiros. Alguns mais atentos faziam coro.
– Faz o que ele diz, homem. Coxas como aquelas não andam sozinhas por aí sozinhas.
Essa loucura coletiva tinha um motivo: era um par de coxas fora do comum. Daqueles que transformavam qualquer um em um intelectual capaz de montar várias conjecturas sobra cada fio de cabelo loiro numa perna.
Até as mulheres olhavam. Invejosas.
Uma senhora, sentada no fundo do veículo, falava com o seu companheiro.
– Lembra, querido? Eu já tive pernas assim!
E o velho, distraído, apenas concordava.
– Claro, amor, claro.
A confusão era total. E ninguém entendia o porque do motorista não fazer nada. Por que ele não ia atrás das coxas? Diante de tla lerdeza. Não teve jeito. As coxas fugiram e o motorista foi parar no hospital.
É, coxas como aquelas só podiam dar em linchamento.
* Denys Presman é apenas jornalista e brasileiro. Em depoimento a polícia negou ter linchado o motorista, mas afirmou que ele realmente mereceu uns sopapos.
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