Sim, é verdade. Sou um bobo. E os bobos estão sempre mais sujeitos as casualidades. Pois eis que, hoje, andando pelo centro do Rio, me esbarro logo com quem? Com ela novamente. A tal morena de olhos verdes. Aquela que deixava todo mundo louco e de boca aberta. Ela vinha andando distraída, como se nada a preocupasse, vinha andando, vinha andando… vinha andando. Eu a vi de longe, e, de certa forma, torcia para que aquele andar não acabasse. Mas acabou e, para minha felicidade, logo na minha frente.
Parecia não me reconhecer. Cheguei mesmo a achar que ela iria me perguntar as horas ou onde ficava a agência dos Correios mais próxima. Mas não perguntou. Não perguntou nada. Esboçou um passo adiante, que foi barrado por uma queixa de quem ainda estava se acostumando com o que via, ou melhor, revia:
– Não fala comigo, não?
Ela sorriu e riu. Não acreditava na casualidade, mas de certa forma a confirmava.
– Seu bobo, claro que falo. Nem te vi.
Lógico que não viu. A verdade é que mulheres bonitas não vêem, são vistas. E aquela menina, aquela morena de olhos verdes, merecia ser vista, parada e contestada: Por onde você andava? A beleza não deve e não pode ficar escondida.
Foi o que fiz. Parei, conversei e, de forma tímida, contestei. E se ela lesse isso tudo que escrevi… teria apenas uma reação, uma coisa a dizer.
– Que bobeira!
É, mulheres bonitas sabem ser breves e sábias… enquanto nós, homens, somos apenas bobos a espera de uma casualidade. (21/10/2002)
* Denys Presman é jornalista e brasileiro
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