Existe uma certa beleza na grosseria. Algo que as pessoas não entendem a primeira vista. É uma clareza de raciocínio, é uma objetividade nas ações. A grosseria não tem meio termo. Quando quer, quer pra caralho, e quando não quer, vai tomar no cu. Recado dado e pronto. É a linguagem mais simples do mundo.
E não pára por aí. Alguém já viu um grosseirão mentir? Pessoas grosseiras não mentem. Sim, é uma afirmativa: a honestidade é um aspecto da grosseria. Aliás, muito utilizada nas conquistas amorosas.
Um grosseirão vê uma menina bonita, olha para ela, chega perto, e mostra toda a sua sinceridade:
– Ô “duçura”, coisa fofa do papai, você é tão linda que me deixa de pau duro.
(É isso mesmo? É!) Percebam a sinceridade na sentença. A preocupação em ser doce com seu objeto de desejo, sem ser falso com seus objetivos. Toda a delicadeza da grosseria. A maneira como ele tenta adjetivar a sua musa e a franqueza como demonstra suas emoções. E ainda assim, é mal entendido, leva um tapa cara. Como se não tivesse sentimentos.
– Sentimento é o caralho, tá me estranhando?
Ou como se ela, a menina, a “duçura”, a coisa fofa, também não tivesse apetite sexual, um tremendo apetite sexual. Quem foi cínico na história? Quem omitiu suas vontades?
Em mundo mais equilibrado e mais honesto a grosseria seria ensinada nas escolas. Seria passada de pai para filho. Haveria cartilhas e dicas de como ser pro ativamente grosseiro. A sinceridade estaria em toda parte.
– Oi tudo bom?
– Não, minha mãe morreu.
– Foda-se, não conhecia a velha.
Seria o fim das falsidades, dos elogios vazios, dos papos chatos. Sempre haveria uma saída, e seria socialmente aceita. Isto é o melhor tudo, é que se este mundo não desse certo, a gente poderia sempre mandá-lo para a casa do caralho.
** Texto originalmente publicado no site Bom dia porquê?
** Denys Presman é jornalista e brasileiro
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