Em três estados do Brasil se via a mesma cena. Milhares de pessoas atrás de informação. Muita gente ansiosa, muita gente esperançosa. A notícia era uma só:

RONALDINHO GAÚCHO ESTÁ CHEGANDO.

E assim a informação foi passada. Tudo muito coerente, se não fosse um detalhe: a notícia foi direcionada a diferentes torcidas. Então, a euforia tomou conta.

Palmeirenses comemorando.

Gremistas vibrando.

Rubro-negros em festa.

Mas, no final, apenas um poderia ter razão. Sorte para o Rio de Janeiro. Sorte para a imprensa carioca – que não teve que explicar seu “erro”.

Sim, erro! Alguém há de dizer que o jornalista apenas confiou em suas fontes.

É verdade. E no caso dos cariocas, tinham razão em fazer isso.

Mas até onde a confiança na fonte deve ser maior que o bom senso ao dar a informação?

O que aconteceu nos 15 dias de novela devia ser analisado com mais calma. O Assis exagerou nas conversas, foi dúbio em todos os momentos. Lógico que foi. Mas a imprensa comprou a história. Bateu palma para maluco.

Um leigo ou um até mesmo um bêbado diria sem nem pensar: – Isso é para vender jornal.

Cada imprensa puxando a sardinha para o seu lado. Bairrismo. A explicação é simplista. Temos que acreditar na boa fé dos profissionais da área. Não podemos crer que um jornalista vai mexer com a expectativa da população, criar a ilusão, apenas para vender jornal. A credibilidade, pelo menos a longo prazo, é a alma do negócio.

Mas boa fé não significa ser ingênuo.

O gremista reclama… o jornal daqui garantiu…

É, rapaz, garantiu. Mas o jornal daí não é quem oferece o contrato ao jogador, nem vai pagar o salário.

O jornalista se defende, dizendo que tinha garantia da fonte e que a fonte era quente.

Resultado é um só. Revolta. (Devia ser descrédito)

Mas o que podia fazer o jornalista? Não confiar em suas fontes?

Ninguém disse isso. O jornalista deve confiar nas boas fontes. Porém, deve ter bom senso.

Bancar que o Ronaldinho vai jogar no Sul é uma coisa. Mas levar esta informação adiante quando tudo indica o contrário…

Jornalista não é profeta. E a frase “se os fatos não comprovam a profecia, pior para os fatos” não tem valor prático algum.

Então, voltemos ao caso. Ronaldinho Gaúcho deu uma coletiva na qual não disse nada. Disse apenas que iria para o Sul no dia seguinte. (Era esperado em São Paulo na véspera e já não tinha ido.)

No dia marcado, no local escolhido? Necas. O Assis e o Ronaldinho, onde estavam? No estádio Olímpico ninguém viu. Lá não teve altofalante para ele, nem caixa de som.

O empresário estava no Rio falando com o Flamengo. Agora, a pergunta aos jornalistas – não apenas do Sul, mas de todo o Brasil:

Por que, depois do bolo dos irmãos Assis, das reuniões com o Flamengo e da manifestação do Milan, por que bancar ainda a opinião da fonte?

Sim. Mesmo após isso tudo, a primeira página dos principais portais do Brasil ainda estampava:

– Ronaldinho vai jogar no Grêmio.

– Palmeiras fechou com o jogador.

Geralmente eram textos dos principais colunistas destes portais, com informações garantidas por fontes anônimas. É o famoso alguém ligado à diretoria do clube me disse….

Bom senso.

Não teria sido melhor, mais prudente, mais honesto com os leitores dizer:

– Olha, na boa, eu tenho esta informação aqui. Minha fonte diz que ele vem para o time tal. Porém, não posso garantir. Acho que ninguém pode. Eu confio em minha fonte. Mas diante dos fatos – e os fatos são cruéis – não posso dar certeza.

Afinal, as afirmativas e certezas absolutas normalmente levam a desculpas posteriores. Os humildes se retratam. Outra opção é culpar apenas o Assis.

* Denys Presman é apenas jornalista e brasileiro.

Gostou? Comenta, compartilha, divulga!