Julia – Filosofia no boteco

Posted: 10th março 2011 by Denys Presman in teatro
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O texto abaixo é uma passagem da peça “Julia”, de Denys Presman.

Clique aqui para ler a peça na íntegra.

Diego – Eu vou morrer e daí? A morte não me diz muita coisa. Eu acredito em algo mais. Não sou só um período cronológico. Uma linha reta entre os pontos A e B.

Grego – (quase que reclamando) Ah! Vai começar com aquele papo de novo?

Diego – O que posso fazer? Eu sou aquilo que eu acredito. Eu vivo o que eu acredito.

Felix – Tá bom.

Diego – É sério!

Grego – Diego, você diz que acredita, fala de tanta coisa e tá aqui com a gente… bebendo. Normalmente na farra. Que conduta, hein!

Diego – Cerveja não me faz um cara pior ou melhor.

Felix – (rindo) Te faz um cara mais bêbado.

Diego – Bêbados também fazem o bem.

Grego – (irônico) Bonito isso!

Diego – Você quer o quê? Isso é um papo de bar, só vale argumento de merda.

Grego – Sério que não te entendo. Um esotérico bebum. Faz aí um mantra da cerveja. Faz. Como é que é mesmo?

Felix – Birita (mmm) Birita (mmm) Birita (mmm)

Grego – Um farrista com uma bíblia na mão. Isso não pode não!

Diego – Grego, teu copo tá vazio, isso é que não pode!

Felix – (Chamando o Garçom) Ô Roberto Carlos…. Cerveja!

Diego – Agora, de fato, não sou um religioso ou um esotérico.

Grego – Você sempre com estes seus papos.

Diego – A verdade é que acredito em muitas coisas. Viver para religião não é uma delas. Acredito no bem e no mal. E na escolha de fazer qualquer um dos dois.

Felix – E como se escolhe? Como eu devo saber se devo fazer o bem ou mal?

Diego – Acho que depende mais do seu objetivo.

(Garçom trás uma cerveja)

Grego – (para o Garçom) Quanto tá o jogo?

Garçom/Roberto Carlos – Começou não, patrão.

Felix – Como assim, depende mais do meu objetivo?

Grego – Depende do que você quer da sua vida.

Felix – Não sei não….

Diego – É isso que eu penso. Me diga, Felix, o que você quer da sua vida?

Felix – O mesmo que todos querem.

Diego – E o que é isso?

Grego – Mulheres, iates, dinheiro….

Felix – (Rindo) É isso aí. Devo fazer o mal para conseguir isso tudo?

Diego – Que tipo de mal?

Felix – Sei lá. Jogo, drogas, prostituição, sair por aí dando golpes do vigário? Posso?

Diego (Rindo) O que você acha?

Felix – (brincado) Não sei… (pensado um instante) É, não sei.

Diego – O que vai te fazer decidir isso são seus valores pessoais.

Grego – E você Diego, qual o seu objetivo?

Diego – Quero o mais difícil. O mais improvável dos finais para qualquer homem.

Felix – E qual seria?

Diego – Quero ser feliz.

Grego – Só isso?

Diego – E é pouco?

Felix – E como se consegue isso?

Diego – Não tenho idéia. Acho que por tentativa e erro.

Clique aqui para ler a peça na íntegra.

 

* Denys Presman é apenas jornalista e brasileiro. Gostou?

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