O texto abaixo é uma passagem da peça “Julia”, de Denys Presman.
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Diego – Eu vou morrer e daí? A morte não me diz muita coisa. Eu acredito em algo mais. Não sou só um período cronológico. Uma linha reta entre os pontos A e B.
Grego – (quase que reclamando) Ah! Vai começar com aquele papo de novo?
Diego – O que posso fazer? Eu sou aquilo que eu acredito. Eu vivo o que eu acredito.
Felix – Tá bom.
Diego – É sério!
Grego – Diego, você diz que acredita, fala de tanta coisa e tá aqui com a gente… bebendo. Normalmente na farra. Que conduta, hein!
Diego – Cerveja não me faz um cara pior ou melhor.
Felix – (rindo) Te faz um cara mais bêbado.
Diego – Bêbados também fazem o bem.
Grego – (irônico) Bonito isso!
Diego – Você quer o quê? Isso é um papo de bar, só vale argumento de merda.
Grego – Sério que não te entendo. Um esotérico bebum. Faz aí um mantra da cerveja. Faz. Como é que é mesmo?
Felix – Birita (mmm) Birita (mmm) Birita (mmm)
Grego – Um farrista com uma bíblia na mão. Isso não pode não!
Diego – Grego, teu copo tá vazio, isso é que não pode!
Felix – (Chamando o Garçom) Ô Roberto Carlos…. Cerveja!
Diego – Agora, de fato, não sou um religioso ou um esotérico.
Grego – Você sempre com estes seus papos.
Diego – A verdade é que acredito em muitas coisas. Viver para religião não é uma delas. Acredito no bem e no mal. E na escolha de fazer qualquer um dos dois.
Felix – E como se escolhe? Como eu devo saber se devo fazer o bem ou mal?
Diego – Acho que depende mais do seu objetivo.
(Garçom trás uma cerveja)
Grego – (para o Garçom) Quanto tá o jogo?
Garçom/Roberto Carlos – Começou não, patrão.
Felix – Como assim, depende mais do meu objetivo?
Grego – Depende do que você quer da sua vida.
Felix – Não sei não….
Diego – É isso que eu penso. Me diga, Felix, o que você quer da sua vida?
Felix – O mesmo que todos querem.
Diego – E o que é isso?
Grego – Mulheres, iates, dinheiro….
Felix – (Rindo) É isso aí. Devo fazer o mal para conseguir isso tudo?
Diego – Que tipo de mal?
Felix – Sei lá. Jogo, drogas, prostituição, sair por aí dando golpes do vigário? Posso?
Diego – (Rindo) O que você acha?
Felix – (brincado) Não sei… (pensado um instante) É, não sei.
Diego – O que vai te fazer decidir isso são seus valores pessoais.
Grego – E você Diego, qual o seu objetivo?
Diego – Quero o mais difícil. O mais improvável dos finais para qualquer homem.
Felix – E qual seria?
Diego – Quero ser feliz.
Grego – Só isso?
Diego – E é pouco?
Felix – E como se consegue isso?
Diego – Não tenho idéia. Acho que por tentativa e erro.
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* Denys Presman é apenas jornalista e brasileiro. Gostou?
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